
O aumento no número de casos de febre amarela, principalmente em São Paulo, tem gerado uma grande preocupação na população, inclusive nos nossos pacientes.
A febre amarela é uma doença infecciosa, causada por vírus e transmitida por vetores, ou seja, pela picada de
mosquitos infectados com o vírus.
Importante
A doença não é contagiosa, ou seja, não há transmissão de pessoa para pessoa. É transmitida somente pela picada de mosquitos infectados com o vírus da febre amarela.
Principais sintomas
Geralmente, quem contrai esse vírus não chega a apresentar sintomas ou apresenta de forma sutil. As primeiras manifestações da doença são repentinas:
- Febre e calafrios
- Dor de cabeça, dores nas cotas, dores no corpo em geral
- Náuseas e vômitos
- Fadiga e fraqueza
É importante procurar o médico logo nos primeiros sintomas, quando ainda não se tem certeza se é febre amarela ou não. Os sintomas são muito parecidos com os de outras doenças. Em casos graves, a pessoa pode desenvolver febre alta, icterícia (coloração amarelada da pele e do branco dos olhos), hemorragia e, eventualmente, choque e insuficiência múltipla dos órgãos.
Tratamento
O tratamento é apenas sintomático, com cuidados ao paciente que, sob hospitalização, deve permanecer em repouso, com reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Em casos graves deverá receber suporte de terapia intensiva.
Vacinação
A única forma de evitar a febre amarela é a vacina.
A vacina é indicada para pessoas que residem em área de risco ou que vão viajar para áreas de risco de transmissão.
Informações gerais
Crianças
É indicada a vacinação a partir de 9 meses de idade. A vacina pode ser administrada para crianças a partir de 6 meses que residem em áreas de risco de transmissão de febre amarela.
Uso de corticóides sistêmicos
É contra-indicada a vacina para indivíduos em uso de 20 mg/dia ou mais de prednisona (ou outro corticoide com dose equivalente) por pelo menos 2 semanas ou dose menor por período maior que 2 semanas.
Gestantes e mulheres amamentando lactentes menores de 6 meses
É indicada vacina apenas para aquelas que residem em áreas de risco de transmissão. Para mulheres amamentando, deve ser suspensa a amamentação por 10 dias após a vacinação. Mulheres amamentando crianças acima de 6 meses podem ser vacinadas, e não há necessidade de suspensão da amamentação.
Pacientes com diagnóstico de HIV
Indicada vacina se assintomáticos, com CD4=350 células/mm3 e carga viral indetectável.
Doença falciforme
Sem uso de hidroxiureia podem ser vacinados. Se em uso de hidroxiureia, vacinar se contagem de neutrófilos >1500células/mm3.
Indivíduos com história de reação anafilática relacionada a ovo de galinha e seus derivados
É contraindicada a vacinação.
Pacientes com diagnóstico de Doenças do Timo (Miastenia gravis, Timoma)
É contraindicada a vacinação
Pacientes em uso de imunossupressores (azatioprina, ciclofosfamida, ciclosporinas, sirolimus, tacrolimus, fludarabina)
É contraindicada a vacinação
Idosos:
Pessoas com 60 anos ou mais devem ser vacinadas, desde que não apresentem nenhuma das contraindicações citada nas recomendações específicas para pacientes oncológicos.
Recomendações específicas para pacientes oncológicos
Paciente em quimioterapia:
É indicada a vacinação após 3 meses do término da quimioterapia. Para leucemias e linfomas, 6 meses após o final do tratamento. Pacientes com síndrome mieloproliferativa crônica devem ser vacinados se o padrão laboratorial estável e neutrófilos estiverem acima de 1500 células/mm3.
Pacientes que não fazem quimioterapia e usam isoladamente tamoxifeno, anastrazol, letrozol, trastuzumabe, pertuzumabe, ou zoladex:
Podem tomar a vacina.
Pacientes que fazem uso de nivolumabe, pembrolizumabe, avelumabe, everolimo:
É contraindicada a vacinação.
Paciente em radioterapia ou radioiodoterapia:
Indicada vacinação 3 meses após final do tratamento.
Paciente em uso de imunobiológicos (incluindo os anticorpos monoclonais):
Indicada vacinação 6 meses após a suspensão do imunobiológico.
Cirurgias eletivas:
Para crianças, suspender a cirurgia por 3 semanas após a data da vacina. Adultos assintomáticos podem ser submetidos a cirurgia.
Leucemias agudas (mielóide e linfóide) e Linfomas de Hodgkin e não Hodgkin
A vacina é contra-indicada durante o tratamento e até 6 meses após a última administração do quimioterápico ou da última sessão de radioterapia.
Mieloma Múltiplo e Leucemias Crônicas:
Paciente deve consultar o especialista para avaliação do caso de forma individual.
Observação
Pacientes com contraindicação à vacina devem ser orientados a evitar viagens para áreas de risco de transmissão de febre amarela, usar repelentes, e roupas claras de mangas compridas. Em caso de pacientes em radioterapia, evitar a aplicação de repelente nas áreas irradiadas.
Doadores de sangue
Estão aptos a doarem sangue 4 semanas após terem tomado a vacina da febre amarela e 4 semanas após o retorno de região de risco de transmissão de febre amarela.
Fonte: A.C. Camargo Cancer Center