Doenças típicas do inverno aumentam risco de intoxicação medicamentosa
Com a queda das temperaturas já observada em grande parte do País, as doenças respiratórias já começam a aparecer. Com o clima instável e seco do outono, época em que as temperaturas sobem durante o dia e caem rapidamente à noite, resfriados, gripes e tosse aumentam e levam pais e mães, muitas vezes, a medicarem seus filhos sem orientação médica.
No Brasil, cerca de 25% dos casos de intoxicação são originadas pela automedicação, 35% dos quais em crianças menores de cinco anos idade. Tanto crianças quanto adultos tendem a tomar remédios sem prescrição médica, o que pode até atrapalhar o diagnóstico de outras doenças, encobrindo os sintomas ou negativando exames importantes, como de sangue e urina.
Segundo o Ministério da Saúde, nos últimos cinco anos foram registradas quase 60 mil internações por intoxicação medicamentosa. Essa ação leva riscos a qualquer pessoa, provocando danos ao rim, fígado e coração. No caso de gestantes, as consequências incluem malformação do feto.
Em casos de crianças que ainda não têm a capacidade de assoar o nariz, a tendência ao aumento do acúmulo da secreção no nariz, causado pelo inchaço das mucosas, facilita a multiplicação de vírus e bactérias. Com o entupimento das narinas, as conjuntivites, sinusites e otites lideram a lista. A procura por ambientes fechados, por causa da queda da temperatura, também aumenta a chance do contágio das viroses respiratórias, seguida da diarreia, meningite viral e bacteriana.
Quando medicar?
De acordo com o Dr. Marcelo Reis, presidente do Departamento Científico de Emergências da Sociedade de Pediatria de São Paulo (SPSP), a automedicação é recomendada apenas para produtos que não possuem contraindicação e em dose adequada.
Os antitérmicos, por exemplo, diminuem a febre, que geralmente acompanha infecções, mas não atingem o foco do problema que está causando a febre. Por apresentarem efeitos colaterais, eles devem ser utilizados com muita cautela, apenas quando a criança apresentar um desconforto, o que pode ocorrer com temperaturas acima de 39ºC. Já os anti-inflamatórios não devem ser ministrados para crianças abaixo de 14 anos, a não ser em casos muito específicos, nos quais o próprio médico fará a prescrição e os antibióticos só devem ser utilizados sob cuidadosa orientação médica.
“O mais importante nos quadros respiratórios como febre, resfriado, gripe ou tosse é a hidratação com oferta de líquidos entre água, sucos naturais e chás. Além da constante limpeza nasal, utilizando soro fisiológico ou Cloreto de Sódio 0,9%, que podem e devem ser utilizados à vontade”, afirma o dr. Marcelo. Além de ser a medida mais eficaz na higienização nasal, o soro fisiológico ajuda a desobstruir o nariz, diminuindo a tosse que acompanha os resfriados comuns.
Quando procurar um médico?
Não há um momento exato para os pais levarem seu filho ao médico. Os sinais clássicos de alarme são desconforto respiratório, abatimento intenso, vômitos ou manchas vermelhas pelo corpo. Na dúvida, procure o pediatra para uma avaliação das medidas mais indicadas. É importante que se tenha um atendimento contínuo desse (ou de um mesmo) profissional, para condições de seguimento de tratamento e medicamento.
Ficar em casa ou na escola?
Muitas doenças dessa época são transmitidas pelo contágio de vírus e bactérias. Em alguns casos de alto nível de contágio, como a catapora e as conjuntivites, a criança deve ficar isolada das outras, sendo recomendado ficar em casa. Algumas doenças graves, como pneumonia e meningite devem seguir a mesma orientação. “O ideal seria que toda criança doente fosse mantida em casa, aos cuidados de seus pais, mas sabemos que hoje isso não é mais possível”, avalia o especialista.
As próprias instituições costumam ter regras sobre administração de medicamentos, portanto, se a criança precisar de cuidados específicos como troca de fraldas frequente por causa de uma diarreia ou medicamentos importantes como inalação e antibióticos, o melhor é não levá-la, pois a própria instituição solicitará que a criança fique em casa.
Também é importante observar que a maioria das doenças tem início do período de contágio antes do aparecimento dos sintomas, podendo ser transmitida sem ter sido diagnosticado o problema. Por isso, é difícil evitar o contágio quando se tem mais de um filho. A própria catapora, começa a transmissão de um a dois dias antes do aparecimento das vesículas.
Mas a dica máxima, é que para evitar qualquer consequência mais grave, pais e mães procurem o pediatra e sigam sempre a sua orientação.
Fonte: Assessoria de imprensa da SPSP.