Ciúmes do irmão... como lidar com a situação?

A espera de um bebê na família é motivo de muita alegria para todos. Porém, quando já se tem um pequeno em casa, pode também se tornar um motivo de preocupação. Nem sempre o primogênito aceita esse presente com muita alegria. Alguns podem se sentir inseguros e com medo, e com isso descobrirem um sentimento que talvez nem conhecessem - o ciúmes.

A demonstração de ciúmes pode variar de criança para criança. É comum ter reações agressivas em relação ao bebê, ficar desobediente, ter episódios de choros sem motivo várias vezes ao dia, fazer birras ou regredir em alguns comportamentos (como querer usar a chupeta, mamadeira ou ter que usar fralda novamente, ou voltar a ter fala mais infantilizada). Esses comportamentos têm um único objetivo, que é chamar a atenção da família. A situação, por mais difícil que pareça, é natural e deve ser trabalhada normalmente no dia a dia, com muita conversa e compreensão.
A chegada de mais um membro na família pode parecer para ele uma ameaça, significando perder o amor e o carinho de seus pais. Até então, todas as atenções eram somente para ele, e agora terá que dividir as pessoas mais importantes de sua vida.
Antes de ter um irmãozinho, a criança mobilizava toda a família ao seu redor, rindo de suas gracinhas, por mais simples que fossem, achando tudo lindo e engraçado. De repente, ninguém mais repara em suas brincadeiras, e começam a rir e querer saber de um bebê que para ele até então é um estranho. Não parece ser nada fácil essa situação, e realmente não é.
Quando a criança percebe que não está tirando mais sorrisos da família como antes, começa a tentar fazer de tudo para chamar a atenção. Então, descobre que quando faz alguma “arte”, ou é desobediente, ele finalmente consegue a atenção dos pais. O ato de se jogar no shopping, beliscar o irmão, ou dar um escândalo na frente das visitas acaba cumprindo a função de chamar a atenção, fazendo com que esses comportamentos inadequados tenham uma chance muito grande de se repetir.
Então como ajudar seu filho?
  1. Não espere a criança ter comportamentos inadequados para prestar atenção nela. Por mais cansativo que seja, divida seu tempo entre os cuidados com o mais novo e dar atenção para o que seu filho mais velho está dizendo.
  2. Envolva a criança com os cuidados com o bebê respeitando, é claro, suas limitações. Peça pequenas coisas para ele, como pegar a fralda na gaveta, limpar a boquinha do irmãozinho, entre outras coisas fáceis de fazer.
  3. Elogie sempre os bons comportamentos. Abrace seu filho e mostre alegria por ter se comportado bem e ter tido demonstrações de carinho com o irmão mais novo.
  4. Quando ele tiver um comportamento inadequado não se exalte, pois quanto mais importância você der, mais fará parecer que aquilo está fazendo sucesso. Tente se mostrar indiferente.
  5. Converse sobre o assunto com seu filho, deixe ele falar sobre como está se sentindo e deixe claro o quanto ele é amado e que existe espaço suficiente no coração de todos pelos dois.                                                                                                                    

Todos nós já tivemos o sentimento de ciúme, e cabe a nós ajudarmos os pequenos a lidar com esse sentimento tão novo e conflitante. Crie um ambiente de cumplicidade e aconchego, onde a criança se sinta segura e possa participar da novidade com alegria.

Para quando já estiverem mais velhos, leia também sobre brigas entre irmãos

Temos que aceitar o fato: briga entre irmãos faz parte da vida de qualquer família. De fato, não só é inevitável, como também é um meio de aprendizado, sobre relacionamentos e negociações, para as crianças. Por outro lado, as disputas e brigas constantes podem transformar em caos uma festa em família, a rotina diária ou os nervos da mamãe! Vamos então tentar trazer a paz entre os irmãos (dentro do possível).

Vou relacionar aqui 5 dicas para ajudar na convivência. Pode ser que você tenha outras ideias. Mas, colocando essas em prática, certamente irá diminuir a rivalidade e as brigas, com o passar do tempo.

  1. Não rotule e não compare. Até pequenas comparações colocam mais lenha nessa fogueira! Se mamãe chama um de "o estudioso", automaticamente entende-se que o outro não gosta de estudar. Se carinhosamente chamar um de "meu bagunceirinho", o outro se sentirá o "comportado". Fique atento com essas comparações, feitas muitas vezes sem intenção.
  2. Deixe um tempo do seu dia para ficar separadamente com cada um. É uma das estratégias mais importantes. Mesmo que apenas 15 minutos, que a sua atenção seja exclusiva. Cuidado também com algo muito comum, que é o "bagunceiro" ter atenção, enquanto o "comportado" é deixado meio de lado. Se eles tiverem sua atenção, separada e espontanemente a cada um deles, não vão precisar brigar por ela.
  3. Seja um mediador, não um juíz. Quando os pais julgam brigas entre os filhos e tomam partido por um lado, a rivalidade dispara! Nosso papel é mediar, e não julgar. Traga os dois lados para conversar, e ajude-os a chegar a uma solução que seja boa para os dois. Desse modo, não haverá ganhadores ou perdedores, e eles ainda aprendem uma habilidade importante para futuros conflitos.
  4. Não obrigue as crianças a dividir. Aprender a dividir é muito importante, assim como aprender sobre limites! Porém, quando a criança é forçada a dar algo para um irmão, especialmente um brinquedo novo, vai aprender que é um sentimento ruim e não vai querer que se repita. Ao invés de obrigar a criança a emprestar o brinquedo, tente outra abordagem e diga "é o brinquedo novo de seu irmão, você terá sua vez quando ele acabar de brincar". O dono do brinquedo se sentirá seguro e com o tempo menos possessivo, e vai querer emprestar mais tarde, espontaneamente.
  5. Tolere as crises de raiva. Crianças repetem um determinado comportamento que funcionou para elas. Quando os pais cedem à uma crise de raiva e dizem: "dá a vez para o seu irmão agora!", estão incentivando a rivalidade entre os irmãos e mostrando que a crise é uma boa tática para conseguir o que se quer. Faça com que a crise de raiva "não funcione", e espere passar sozinha. Vale demonstrar empatia: "é duro esperar, não é? Mas, brinque com outra coisa enquanto isso". Ignorar os rompantes de raiva pode ser difícil, especialmente em algumas ocasiões como: locais públicos, festas ou presença de outro familiares, como os avós. Tranquilize-se lembrando que a crise é o meio que a criança usa, temporariamente, para demonstrar sua insatisfação, e não há problema nisso. Aprender a relevar esses pequenos desapontamentos servirá para a vida futura deles, sem contar a melhora da tranquilidade em casa.
Fonte: Padiatra On Line